FEIRA DE MAIO



Há já alguns anos que andava com esta fisgada: regressar à feira de maio para andar nos carrinhos-choque, dar uns tiros de pressão de ar (daqueles que dão direito a beber uma ginjinha), comer um frango assado e levar para casa um saco de farturas da Penim. Feira de maio, que é feira de maio, tem de ser com chuva e a um sábado à noite para sentir o pulsar da coisa.

Dei entrada no recinto ali pelas traseiras da piscina municipal em direção ao Estádio e logo encontrei a velha barraca do Torrão de Alicante. Fiz uma ronda pela zona e não fiquei muito bem impressionado: só se safaram o expositor de louça da Bajouca e um outro com cestas, mochos e mobiliário do tempo da outra senhora. E duas ou três barracas com licores e doçaria regional. No meio das peúgas a 5 euros a meia dúzia, decidi que já era hora para jantar e fui em busca de um estabelecimento onde pudesse comer o tal frango assado.

Junto ao palco (secundário, vim eu a saber mais tarde) existe a zona de restauração com alguns representantes da gastronomia regional. Como não podia deixar de ser, a minha escolha recaiu na tasca do Motor Clube. Até parecia mal não jantar na Embaixada da minha Vila, sim, Vila de Monte Redondo. Os tempos de aldeia já lá vão.

Para começar veio para a mesa um caldo verde com couve a saber a couve e batata, cebola e azeite nas quantidades certas. Simples e saboroso como manda a lei. A acompanhar, uma deliciosa morcela de arroz assada na brasa: estaladiça, temperada a rigor e sem os cominhos que tantas vezes estragam o produto quando colocados em excesso - dizem os meus conterrâneos que esta especialidade vem do talho da Gândara. Fica a dica. Seguiram-se o Borrego Estufado e a Assadura, dois pratos preparados com mestria pelo Chefe Rui Silvestre do restaurante A Adega, em Monte Redondo. O borrego, de qualidade irrepreensível, estava de se lhe tirar o chapéu. A Assadura, peça de porco assada na brasa, envolvida em azeite, vinagre e pimenta, estava de se chorar por mais. Mais uma vez a simplicidade a fazer toda a diferença. Nestas coisas é preciso é ter mão e produtos de altíssima qualidade, o resto é outra conversa. A regar isto tudo, um ótimo vinho tinto da Adega Cooperativa de Silgueiros (Região do Dão).  Não sei se era por ter o meu primo Manelito a comandar as operações, mas que o serviço foi impecável lá isso foi. Não faltou nada naquela mesa!

E com uma tasquinha destas quem é que vai querer ir comer o frango assado, andar de carrinhos-choque sujeito a levar com uma faísca no olho ou mandar tiros de pressão de ar com a mira torta? É que até ao fim da feira ainda haverá na ementa do ilustre tasco caldeirada de bacalhau, sopa da pedra, galo com arroz de cabidela, bochechas, assadura e borrego. Neste regresso à feira de maio cumpriu-se um dos objetivos iniciais, o que já não foi nada mau: levar para casa o tal saco de farturas da Penim.

(Texto publicado na rubrica SABOR do Jornal de Leiria no dia 24 de maio 2012)




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