A NOSSA PRAIA


Gosto de apanhar um caminho específico para chegar à Praia do Pedrógão: saio de Leiria rumo à Gândara dos Olivais, vou ali pelos Campos do Lis até Moinhos de Carvide, apanho a estrada da Vieira, em Boco corto para o Casal D’Anja e sigo até ao Rio Lis com o pinhal no horizonte. Vou até à estrada Pedrógão- Praia da Vieira e entro na nossa Praia pelo Parque de Campismo (rotunda sul). Não sei se estão a ver? Faço isto há anos e é daquelas coisas que não tem grande explicação. Apenas sabe bem fazer esta rota com boa música no auto rádio: desta vez a banda-sonora esteve a cargo de Leonard Cohen.

Esta ida ao Pedrógão teve um propósito: almoçar no restaurante Quebra-Mar (Manel do Casino) um peixe da costa preparado ao mais alto nível pelo Manel, Sr. Manel, desculpem. O dia estava incrivelmente quente, o mar manso, e para uma sexta-feira até estava com muita gente. Cheguei por volta das 13h30 e a casa estava repleta, só com mesas vagas no interior. Preferi esperar por uma mesa na esplanada. A Praia do Pedrógão ainda é daqueles locais que podemos ir sozinhos que logo logo estamos com a mesa cheia de amigos. Assim foi.
Naquele dia havia Robalo, Garoupa, Linguado, Sardinhas e Lulas, disse-me a simpática e eficiente colaboradora (lista deve ser só para estrangeiros…). Pedi Linguado, mas pouco tempo depois fui informado que os linguados eram bons mas para fritar, acompanhados por um arrozinho de tomate ou uma açorda - eram muito miúdos. Bom, sendo assim: “venha de lá esse Robalo”, disse eu.

O Robalo apareceu na mesa escalado e dava perfeitamente para duas pessoas. A acompanhar o peixe veio para a mesa uma travessa de batatas cozidas com pele e uma salada mista. Rápido, simples, eficaz e saboroso. Pensei que não ia dar conta do recado, mas a frescura e qualidade dos produtos eram tão evidentes que sobrou muito pouco ou quase nada. A acompanhar a refeição bebi o vinho branco da casa (Por acaso esqueci-me de perguntar a origem…). Nada como um peixe fresco assado por quem sabe. Segundo várias testemunhas, as Lulas e as Sardinhas também estavam no ponto.

Como o dia era de férias, deixei-me levar pela conversa e pelos amigos. Quando fui a ver era já quase noite e a Summer Fest começava a disparar os primeiros jatos de espuma bem no meio do areal. Mas que ideia esta de montarem este tipo de arraial com música eletrónica altíssima, manhosa por sinal, bem no meio da praia? Não dava para fazer a coisa no meio da mata? Para terminar o capítulo Quebra-Mar, resta-me informar que ali come-se um ótimo peixe fresco e que os preços são bastante razoáveis: entre 12 a 15 euros por pessoa.

Escrever sobre peixe fresco e Pedrógão e não meter ao barulho o restaurante do Vitor, na rotunda, seria sacrilégio. Há bem pouco tempo comi em família uma senhora caldeirada de peixe quase tão boa como a da minha mãe. Passei anos no Pedrógão a alimentar-me nos restaurantes do Vitor, mas como para crescer precisamos de bitoques, passou-me ao lado durante muito tempo a tal frescura do peixe e, já com fama planetária, o Robalo ao Sal. No entanto, reconheço que se há prato a valorizar depois dos 30 é o ilustre peixe coberto de sal marinho. Mas não só de Robalo ao Sal vive o Rotunda: Todo o peixe é fresco e se pedirmos com jeitinho o Vitor arranja-nos umas postas de robalo fritas com arroz de grelos que são uma loucura. E bitoques para os mais novos.

Longe vão os tempos passados na Praia do Pedrógão entre Junho e Outubro. Agora dá-se uma escapadela para matar saudades e verifica-se que pouco ou nada mudou. Por mim está bom assim. Por alguma razão lhe chamamos A Nossa Praia…

Restaurante Quebra-mar (O Manel)
Marginal, Praia do Pedrógão
Telefone: 244111758

Restaurante Rotunda (O Vitor)
Praia do Pedrógão
Telefone: 244691118

(Texto publicado na rubrica SABOR do Jornal de Leiria no dia 5 de Setembro de 2013)

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