ENTRE LEIRIA E LISBOA




Há uns anos atrás, num daqueles jantares natalícios entre os amigos de sempre, ali para os lados das Cortes, comentava eu que já vivia há mais anos em Lisboa do que em Leiria e logo um dos companheiros lançou o veredicto: «Isso pouco interessa. Tu és de Leiria!» «Mas eu nasci na Figueira da Foz, sou natural de Monte Redondo e vivo há 17 anos em Lisboa…», disse eu. E ele: «Isso também não interessa, andaste no liceu, és de Leiria!» Mais leiriense, só mesmo quem nasceu na Casa de Saúde, viveu nos Capuchos, andou no Liceu e odeia a Académica… Em Lisboa há muitos Leirienses da minha geração. Há mesmo quem diga que os «marrões» foram para Coimbra, os estudantes para o Porto e os outros para Lisboa.

 Nos meus primeiros anos em Lisboa, ali entre 1993 e 1995, houve mesmo quem organizasse periodicamente jantares na extinta Feira Popular só com Leirienses. Chamavam-se os jantares do «Enclave do Liz» e chegavam a ter perto de 100 pessoas por convívio e isto sem facebook, só por boca a boca - é importante realçar a grandeza da coisa, no que toca a jantaradas, o Leiriense é muito unido. Muita gente de Leiria estudou em Lisboa, vive pela capital mas não deixa de ir frequentemente a Leiria e participar na vida leiriense como se Lisboa estivesse mesmo ali ao lado. Não conheço nenhum Leiriense a viver em Lisboa que tenha rompido totalmente com a sua cidade berço. Mesmo os mais radicais não deixam de lá ir 2 ou 3 vezes por ano, seja para a tradicional visita natalícia, votar ou… para ver o John Cale.

 Mas algo parecido se passa no sentido inverso: muita gente a viver em Leiria desloca-se frequentemente a Lisboa para jantar, sair à noite, ver concertos, ir ao cinema, ver uma exposição, etc. Às vezes tenho a sensação de encontrar mais gente conhecida de Leiria no Bairro Alto do que na Praça Rodrigues Lobo. No meio disto tudo, só é pena que alguns Leirienses conheçam de trás para a frente a agenda cultural de Lisboa e, simultaneamente, desconheçam ou não aproveitem os bons espectáculos e as actividades culturais que ocorrem em Leiria durante todo o ano. Mas isto também é ser Leiriense. O Leiriense anda sempre cá e lá. 120 Quilómetros para um alfacinha é ir ao Estrangeiro, para um Leiriense é ir ali e voltar.

 NO PONTO
 O Bacalhau do Jota, na Barreira. Não há bacalhau assado na brasa como este. Podemos correr o país de norte a sul à procura do bacalhau ideal, mas não vale a pena. O melhor bacalhau assado do mundo é no Restaurante Jota e o resto é conversa. A pinga também não é má.

 EM BANHO MARIA
 Andar pelas ruas do centro histórico já foi mais agradável. Parece que houve ali um período dourado há uns anos atrás, mas agora voltou tudo à estaca zero. Lojas e bares de referência deixaram de existir e são poucos os negócios a resistir à falta de público.

 REQUENTADO
 O Estádio Municipal. Terá sido a obra mais inútil construída nos últimos anos em Leiria. A cidade merecia outro tipo de estrutura para dinamizar o desporto. Agora chegou a notícia que faltava: está à venda! Resta agora saber onde é que a União de Leiria, através do seu presidente, diz que vai jogar este ano?

(crónica inserida na rubrica o Advogado do Diabo, publicada no Jornal de Leiria no dia 23 de junho de 2011)

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